Ao longo da história da música, alguns sucessos ultrapassaram as barreiras das rádios e discos, tornando-se fenômenos virais — muito antes mesmo da era da internet, e depois potencializados por ela. Por trás desses hits, muitas vezes há histórias inusitadas, momentos de sorte, ou situações inesperadas que transformaram simples canções em fenômenos culturais. Confira sete músicas que viralizaram e as curiosidades por trás delas:

1. "Macarena" – Los Del Río (1993)
Lançada originalmente em 1993 pelo duo espanhol Los Del Río, "Macarena" foi uma música que demorou a engrenar. Inicialmente popular apenas em algumas regiões da Espanha, a canção só começou a ganhar o mundo após uma nova versão remixada por DJs americanos, que adicionaram batidas de dance music e criaram a famosa coreografia. Curiosamente, a música fala sobre uma jovem chamada Macarena, que trai o namorado enquanto ele serve o exército. Mesmo com uma letra ousada, a batida contagiante e a dança fizeram da música um clássico de festas, atingindo o topo das paradas de vários países.

Curiosidade: A música só virou um hit global graças a um remix feito por DJs americanos, chamado "Macarena (Bayside Boys Remix)", que adicionou versos em inglês. Antes disso, a versão original em espanhol não havia saído da Europa.

2. "Gangnam Style" – PSY (2012)
O sul-coreano PSY jamais imaginava que a música "Gangnam Style" se tornaria o primeiro vídeo do YouTube a ultrapassar 1 bilhão de visualizações. Com uma batida acelerada, o videoclipe trazia coreografias caricatas e cenas exageradas, satirizando o estilo de vida luxuoso do bairro de Gangnam, em Seul. A ideia do famoso “passinho do cavalo” surgiu de forma despretensiosa durante as gravações, e PSY quase desistiu de incluir a coreografia no vídeo, temendo que fosse boba demais. O resultado foi uma febre mundial que ganhou versões em diversas línguas e conquistou celebridades e presidentes ao redor do mundo.

Curiosidade: PSY não pretendia usar a coreografia do “passinho do cavalo” no clipe. Ele só incluiu após amigos insistirem, achando que seria divertido. No fim, a dança virou a assinatura da música e ajudou no sucesso viral.

3. "Ai Se Eu Te Pego" – Michel Teló (2011)
No Brasil, "Ai Se Eu Te Pego" já fazia sucesso em baladas e festas, mas o fenômeno tomou proporções mundiais após jogadores de futebol como Cristiano Ronaldo e Neymar comemorarem gols dançando o refrão. A composição, originalmente feita por Sharon Acioly e outros compositores, nasceu durante uma brincadeira entre amigas em Porto Seguro, na Bahia. Michel Teló gravou a faixa sem grandes expectativas, mas a internet e as transmissões esportivas internacionais ajudaram a tornar a música uma das canções brasileiras mais ouvidas no exterior.

Curiosidade: Antes de Michel Teló gravar, a música passou por diversas bandas regionais e axé. Foi escrita por um grupo de amigas durante uma viagem a Porto Seguro. O sucesso internacional começou quando Cristiano Ronaldo comemorou um gol fazendo a dancinha.

4. "Despacito" – Luis Fonsi e Daddy Yankee (2017)
Antes de "Despacito", poucos nomes da música latina tinham alcançado o topo das paradas mundiais. Luis Fonsi revelou que a música foi escrita durante uma tarde tranquila, em sua casa, enquanto dedilhava algumas notas no violão. O título surgiu antes da letra: ele queria uma canção sensual e leve, que falasse sobre romance e sedução de forma descontraída. A participação de Daddy Yankee deu à faixa um tom urbano, e a junção das duas vozes foi responsável por criar um dos maiores hits de todos os tempos. O videoclipe, gravado no colorido bairro de La Perla, em Porto Rico, também chamou atenção pela autenticidade e cenários vibrantes.

Curiosidade: A palavra "despacito" apareceu na cabeça de Luis Fonsi antes mesmo de ele ter ideia da melodia ou letra. Ele achou o nome sonoro e decidiu escrever uma música em torno disso. O videoclipe se tornou o vídeo mais assistido do YouTube, ultrapassando 8 bilhões de visualizações.

5. "Never Gonna Give You Up" – Rick Astley (1987)
Apesar de ser um hit dos anos 80, "Never Gonna Give You Up" ressurgiu décadas depois graças a um meme da internet chamado “Rickroll”. A brincadeira consistia em enganar as pessoas com links que, na verdade, levavam ao clipe da música. Rick Astley revelou, em entrevistas, que ficou surpreso com o retorno inesperado de sua canção e, embora no início não entendesse o humor por trás da piada, passou a encarar a situação com bom humor. A popularidade do meme revitalizou a carreira do cantor, que voltou a se apresentar para plateias de todas as idades.

Curiosidade: Rick Astley tinha apenas 21 anos quando gravou a música e, apesar da voz grave, era um jovem tímido. Décadas depois, a canção ressurgiu com o meme Rickroll, em que links prometiam conteúdo interessante, mas redirecionavam para o clipe da música, surpreendendo os desavisados.

6. "Baby Shark" – Pinkfong (2016)
Poucos imaginavam que uma canção infantil repetitiva sobre tubarões se tornaria um fenômeno global. Criada pela produtora sul-coreana Pinkfong, "Baby Shark" nasceu como parte de um projeto educativo para crianças. O que impulsionou a música foi a coreografia simples, que permitia que crianças e adultos repetissem os gestos com facilidade. A canção viralizou no YouTube e em redes sociais, alcançando mais de 10 bilhões de visualizações. Curiosamente, há versões da música que remontam ao início dos anos 2000, mas foi a versão da Pinkfong que conquistou o mundo.

Curiosidade: A música é baseada em uma cantiga infantil americana dos anos 90. A versão da Pinkfong ganhou fama porque tinha uma coreografia extremamente fácil e um clipe colorido, pensado para prender a atenção de crianças muito pequenas. O vídeo acabou conquistando também jovens e adultos, alcançando mais de 10 bilhões de visualizações.

7. "Evidências" – Chitãozinho & Xororó (1990)
Poucas músicas no Brasil têm o status de hino popular como "Evidências". Gravada pela dupla Chitãozinho & Xororó em 1990, a canção se tornou um clássico das festas, bares, karaokês e casamentos, sendo entoada por multidões que não resistem ao refrão dramático e carregado de emoção. Curiosamente, a música foi composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, inicialmente para outro intérprete. A canção fala sobre orgulho ferido e amor mal resolvido, temas que rapidamente conquistaram o público. Nos anos 2000, "Evidências" ganhou novo fôlego com memes, vídeos de multidões cantando em uníssono e até artistas internacionais se rendendo à música. Hoje, dificilmente há um brasileiro que não saiba cantar, pelo menos, o célebre trecho “E nessa loucura de dizer que não te quero…”. A canção atravessa gerações e segue sendo um dos maiores sucessos da música sertaneja e popular brasileira.

Curiosidade: Embora tenha ficado eternamente associada a Chitãozinho & Xororó, a música foi composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, que pensaram inicialmente em oferecê-la a Roberto Carlos. O Rei recusou e, com isso, a canção caiu no colo da dupla sertaneja, que a transformou no maior clássico do gênero no Brasil.

Essas músicas provam que, muitas vezes, o sucesso ultrapassa qualquer previsão ou fórmula. Seja por conta de uma coreografia inusitada, de uma letra que gruda na cabeça ou até de uma simples brincadeira entre amigos, algumas canções encontram caminhos surpreendentes para conquistar o público. Em comum, todas carregam histórias curiosas que mostram como a cultura popular é construída por detalhes, coincidências e, acima de tudo, pela identificação coletiva.

Cada hit viralizado — seja nos anos 80, 90 ou em tempos de redes sociais — carrega consigo mais do que notas e palavras: são registros de época, memórias afetivas e testemunhos de como a música consegue atravessar fronteiras, línguas e gerações. Ao revisitarmos essas histórias, percebemos que, por trás de todo refrão que o mundo inteiro canta junto, existe sempre um capítulo curioso, muitas vezes desconhecido, que contribuiu para transformar essas canções em verdadeiros fenômenos culturais.

Seja na internet, nos estádios de futebol, nos karaokês ou nas festas populares, o fato é que algumas músicas parecem feitas para marcar momentos e atravessar décadas — e essas sete são a prova viva disso.